8.3.07

Onde andas?


Foto de: Patrícia Cohen

Pressagio-te,
desconfiado da tua ausência;
diviso nas ombreiras
das janelas viradas a Norte,
teu vulto sibilino
escapando.
Há em cada reflexo,
em cada simples e pequeno
facto – a tua falta.
Não te sei dizer,
como se meus braços e língua
fossem cortados,
e cada músculo se obstasse
a dizer-te,
e eu nada mais fosse
nada mais ousasse.
Indago teu nome,
de longe
na poeira desta estrada
que jamais acaba;
dou por ti à minha beira,
num momento pensando,
outro passando,
uma palavra a nascer,
um poema que cresce
e se finda,
contigo, Poesia
amiga do meu caminho.

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