há uma
incomensurável
razão
para não te saber explicar
para me emocionar
para não te saber ESCREVER
no afloramento ténue à tua carne
na prova doce da tua língua
que me espera em casa
doce
e de te lembrar
percorre-me um tremor violento
assustador
na força que cresce em mim por te possuir
e dos teus olhos mais que azuis
infinitos
que me deixam pálido
de não te saber explicar
há uma história rude
que a minha pele não sabe suportar
como cada batida intensa
física
me exaurisse
e tu e eu
não entendêssemos que a sede tem fim
quando nos sorvemos
e tu és a minha água
o meu rio
e o oceano dos poemas não sabe nada
nem te sabe explicar
há muito mais que um desejo
há um barco à
vela
há um saco de
sal derramado
e os nossos
corpos esquecidos no chão
molhado
de um cais
antigo
onde ouvimos
a CANÇÃO quente
noturna
e trauteamos
um lálálá
no ritmo das
artérias vermelhas
das mãos unas
dos nossos desejos
e dos olhos
que não sabem olhar para trás.
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