12.3.07

Num dia de Sol


foto de Nuno Ferreira

A memória acorda,
lembra-me
quando o tempo foi nosso,
e senti a tua pele
de seda fina,
tremendo do desejo
que nos rasgava.
Retomo os dias,
como se o vento
Sião
tornasse,
em palavras de areia,
fustigando
os nossos caminhos
sempre encontrados.
A memória, irmã do hoje,
filha de ontem,
sabe quem és,
aperta-te nas minhas mãos,
e gritas meu nome,
nua,
teu corpo retesado
de prazer.
A memória fala
do teu cheiro
selado nesta liturgia
de gestos e cumplicidades,
e teus beijos
pronunciam mil Primaveras
chegando,
com poemas,
desenhos da vida
deixados em papéis
pelas mesas.
São passado de dois,
momentos feitos do tempo,
da inconstância dos seres,
do fogo esmorecido,
das paixões viajantes,
de sorrisos perdidos;
- A memória acordou hoje
pronta a tomar-te,
em meus braços,
num dia em que fez Sol.

4 comentários:

Vera Carvalho disse...

As memórias vivem nas nuvens, há dias que não aparecem, mas sabemos que amanhã ou depois voltarão... sempre. Que o vento nunca leve as boas recordações:).

Anónimo disse...

Como é bom relembramos o tempo que passou em dias de Sol...
Beijo
T

PoesiaMGD disse...

Muitas vezes a memória e a recordação pregam-nos partidas! Quantas vezes queremos recordar e não somos capazes? E quantas vezes queremos esquecer e a memória não no-lo permite...
Um abraço
goretidias

Unknown disse...

Tudo o que fazes encanta.
Cada palavra leva-me a sentir o que escreves em cada verso, como se estivesse a viver os poemas, como se fosse a eu a musa que te inspira.

Beijinhos